É quase uma da manhã na Taprobana e finalmente consigo arranjar tempo para contar um pouco desta alucinante primeira semana de viagem.
Depois de uma breve passagem por Bangkok apanhámos um voo para Colombo, capital do Sri Lanka. Ficámos em Colombo apenas um dia. A cidade tem poucos pontos de interesse e o hotel pior que mau que nos calhou em sorte (só a casa de banho dava um post) foram um bom estímulo para seguir para Kandy, a capital cultural do país e onde se encontra o templo budista mais venerado. O templo do dente sagrado.
Kandy fica a pouco mais de 100Km de comboio de Colombo que se traduzem, na prática, em 4 horas de viagem. Percebe-se agora porque é que as distâncias no Sri Lanka são sempre medidas em tempo e não em Km…
Viajar de comboio por aqui é só por si uma verdadeira aventura. Não tendo no entanto o nível de complexidade que vivemos na Índia, exige ainda assim uma grande dose de paciência e skills de Shaolin 🙂
Existem 3 classes principais que se subdividem em mais umas quantas. De um modo geral a 1.ª classe tem ar condicionado e lugares marcados, a 2.ª classe tem ventoinhas e é tudo ao molho e, finalmente, a 3.ª é qualquer coisa de indescritível tal o nível de compactação e encaixe das pessoas que lá viajam. É uma espécie de vagão de transporte de gado com uns bancos de pau forrados com napa sem espuma. Ainda o comboio não parou na estação e já toda a gente corre para entrar pelas janelas e assim ocupar os lugares dos que estão ainda a sair e poder assim viajar sentado e com acesso à corrente de ar.
Na viagem de ida, conseguimos bilhetes de 1.ª classe e tivemos o bebé magnífico deliciado a dormir todo o caminho com o embalo do comboio. No entanto, de volta a Colombo, para depois rumar a Sul, não tivemos a mesma sorte. Os bilhetes estavam esgotados e tivemos de comprar bilhetes de 2.ª classe.
Descobrimos mais tarde que nos indicaram mal as carruagens e viajámos na realidade em 3.ª classe. Sim, a que descrevi acima com as expressões pau, gado e forrado a napa.
Podia descrever como foi viajar com uma criança ao colo, 40.º graus e metade da população do Sri Lanka na carruagem, mas é melhor não. Prefiro destacar que o Magno se portou como um verdadeiro viajante e, entre sorrisos e acenos aos companheiros de lata e assinalar todos as estátuas de Buda que surgiam ao longo da linha (adora Budas e quando vê os reclinados, diz com ar sério que é um Buda chacado/cansado) lá chegámos a Colombo atrasados mas a tempo de ver partir na linha ao lado o nosso comboio para Galle.
Mas nestas coisas o que é preciso é não desesperar e, um taxi depois, quatro horas mais tarde e um molho de rupias a menos lá chegámos ao destino.
A aventura continua 🙂
Uma resposta
Grandes Aventureiros! Abreijos aos 3.