Há dias, recebemos a confirmação mais aguardada: vamos ao Butão!!!! Já tenho o braço negro de tanto me beliscar… Depois de quase um mês de troca de emails, os vistos e os voos da índia para Paro estão marcados e a viagem vai mesmo acontecer no mês que vem. E, como se ir ao Butão já não fosse suficientemente bom, vamos ter a sorte de a nossa chegada coincidir com o último e mais importante dia do festival Tsechu de Paro*. Para apaixonados por fotografia, como nós, a notícia é o equivalente a saldos de 50% na Zara para um shopaholic.
O processo de organização de uma viagem ao Reino do Butão é relativamente complexo e tem de ser iniciado com alguma antecedência. Para nós, conseguiu ser ainda mais demorado e minucioso que o da autorização para a viagem ao Tibete. Começa, desde logo, com a necessidade de escolha de uma empresa para tratar dos vistos e do acompanhamento durante a visita ao país que, no nosso caso, depois de apurada ponderação, recaiu sobre a bhutan swallowtail (o feedback sobre a empresa terá de esperar ,naturalmente, pelo decorrer da viagem). Com excepção dos nacionais da índia, nenhuma outra nacionalidade pode viajar pelo país sem estar acompanhada por um guia. O “babysitting” de viagem não é algo que apreciemos mas, tal como sucedeu no Tibete, onde também impera esta regra, se não nos é permitido visitar o país de outra forma, lá terá de ser. E temos também a esperança de ter a mesma sorte que tivemos no Tibete, onde o rapaz tibetano que nos acompanhava nos deixava muitas vezes andar sozinhos.
Depois da escolha da agência oficial começa todo um processo (demorado) de troca de emails a escolher um itinerário, dias de viagem, etc… durante o processo, fiquei com a sensação que não basta querer entrar no Butão mas que o Butão também tem de querer que entremos. Penso que só fomos realmente considerados “aptos” quando recebi um pedido de amizade no facebook por parte da agência e, deduzo, ter passado no teste de “análise ao perfil”. 90% dos visitantes no Butão são de uma faixa etária acima dos 56 anos e, numa primeira análise, devemos ter gerado desconfiança…
Com uma visão de turismo para o país de “alta qualidade e baixo impacto” o Butão não quer seguir a rota do turismo de massas do Nepal e, por isso, a quase seleção de quem entra. Compreende-se, é um país pequeno, com cerca de 700.000 habitantes, e um meio ambiente delicado (por Lei, imagine-se e admire-se, pelo menos 60% do país tem de permanecer florestado para as gerações futuras) e o Rei Jigme Khesar Namgyal Wangchuck quer que o país continue quase imune a drogas, álcool e outras maleitas tipicamente ocidentais. Imaginem que governavam aquele que é considerado o país mais feliz do mundo. Um país que em vez de medir a sua riqueza em PIB o mede GNH (Gross National Happiness). O GNH baseia-se em valores Budistas e humanos e é uma filosofia revolucionária que coloca o valor real em coisas como a tradição cultural, a saúde, a educação, a ecologia e o bem estar pessoal. E, consequentemente, vê o crescimento económico não como um fim mas como um meio para atingir um bem maior. Caramba, não quereriam preservar este país de tudo o que correu mal nos outros?! Got to love Bhutan <3
*Num festival Tsechu, monges e leigos protagonizam danças, em Honra de Guru Rinpoche, vestidos com roupas coloridas e máscaras de heróis, demónios e animais. Durante as danças, existem ainda os Atsara, que mimetizam as danças e abençoam o público com uma espécie de falo de madeira.