Há textos que precisam de tempo antes de ser escritos. Precisam que o tempo lhes traga rugas e lhesvadoce a alma. Que lhes tire o entusiasmo pueril das primeiras impressões e emoções. Precisam que só fique a essência.
Bem, este é um desses textos.
Caminhamos por entre os locais e é impossível não os olhar com espanto e algum despudor. São dos povos mais bonitos que já vi. As mulheres são hipnotizantes. Nem parecem deste mundo. Ouve-se música mas não se consegue identificar que instrumentos são aqueles.
Cheira a incenso, cera de iaque e especiarias demasiado exóticas para quem chega do ocidente. É um caleidoscópico de cores, sons e cheiros e nem acreditamos que estamos mesmo ali. Tento fotografar tudo com os olhos e durante um bom bocado até me esqueço de fotografar com a máquina.
Os monges executam uma coreografia que tão depressa é delicada com pequenos saltos a fazer lembrar um “quebra-nozes” sem tutus como logo a seguir escala para rodopios a fazer lembrar as tradicionais danças turcas. Na realidade aquilo não é parecido com nada mas a mente humana não descansa enquanto não cataloga o que vê.
O Magno está em êxtase. Diz que gosta muito daquela festa e fala com toda a gente. Tento explicar-lhe que estamos num festival Tshechu. O mais importante festival religioso do Butão. Que é aqui que se homenageia Guru Rinpoche, se agradece as bênçãos desse ano e se pede que o ano vindouro seja fértil e dócil.
Que é também aqui que se encontra a família que vive longe, que os rapazes e raparigas se cortejam mutuamente e que as melhores roupas e joias tradicionais veem a luz do dia. Mas ele é muito pequeno para absorver tanta informação. Mas consegue absorver a emoção e está feliz.
O orgulho nas suas tradições e origens está espelhado em cada um dos cinco dias de festa. Na execução perfeita dos passos das danças tal e qual como há centenas de anos. Na perfeição dos bordados das roupas e nas cores vibrantes das máscaras.
E nós ali, completamente esmagados pelo espanto. E um dia, na curta-metragem que dizem nos passar pelos olhos antes da grande viagem, tenho a certeza que as gargalhadas do Magno no Butão vão estar incluídas.
Dicas:
– Com exceção dos cidadãos indianos, não é possível visitar o Butão sem ter um tour marcado com uma agência;
– Existem agências fora do Butão mas é muito melhor escolher uma agência local: mais confiáveis, melhor preço, melhor conhecimento do país e ajuda à economia local. O valor diário mínimo por pessoa é de 250 dólares. Para hotéis de categoria superior o valor será naturalmente ajustado;
– No valor diário está incluído o alojamento, alimentação, guia, carro, motorista e entradas. Apenas os voos, as gorjetas e recordações ficam de fora;
– É preciso visto para entrar no país mas a agência trata de tudo;
– Os voos para o Butão partem de Nova Deli; Calcutá, Bombaim; Singapura e Bangkok. Por vezes não é fácil arranjar voo pois apenas a companhia bandeira do país tem autorização para voar para o Butão mas a agência pode tratar da reserva pois tem acesso a voos que não estão disponíveis no site. Foi assim que conseguimos um lugar apesar de já não estarem disponíveis na página da companhia aérea;
– Se possível marquem viagem para uma altura em que estejam a decorrer festivais;
– Tentem marcar entre 5 a 7 dias. É caro mas quando voltarão a ter outra oportunidade de ir ao Butão?!
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