Conheço uma praia que não é bem uma praia numa ilha que afinal também não é uma ilha. E, sempre que alguém me pede um sítio fantástico para fazer praia na Tailândia, fico invariavelmente a ponderar uns segundos. A ponderar se quem me pergunta estará preparado para conhecer “A Praia”.
Na Praia, quaisquer 10€ por noite dão direito a um bungalow e acesso a piscina, 2€ pagam uma deliciosa refeição Thai ou duas panquecas de banana e, com 5€, consegue-se meia hora de massagem. E escalar é grátis, se se tiver material de escalada ou é barato, se for necessário alugar.
E tudo começa com o “desembarque da Normandia”. Não há cais para os barcos atracarem. Por isso, as pequenas embarcações só podem deixar passageiros aquando a maré alta e numa zona com água suficiente para não encalharem. A chegada ao areal é assim feita em grande estilo com água pela cintura e as mochilas levadas em braços. E há em todo este aparato um prenúncio de que não estamos a chegar a um sítio qualquer. E de facto não estamos.
Existe a estranha sensação de que estamos numa ilha porque só se vê água por todo o lado mas é na realidade uma península. E não é bem uma praia mas sim duas praias, uma a Leste e outra a Oeste, acessíveis apenas a pé através de um trilho de floresta apinhado de macacos. Espera-se a todo o momento ouvir tambores tribais e ser raptado por canibais mas a travessia costuma correr bem.
E quando se chega à parte Oeste da ilha que não é ilha, somos recebidos em grande com o “templo das pilinhas”. Pronto, está bem, admito… o templo tem outro nome. Chama-se na realidade Phra Nang e está encaixado dentro de uma gruta repleta de símbolos fálicos deixados por pescadores em busca de boa sorte e de mulheres que desejam engravidar e, por isso, em busca da maior das sortes.
E o surreal templo de Phra Nang é, por si só, toda uma atração com a sua coleção de falos de todos os tamanhos, materiais, cores e feitios. Bem, agora, vendo melhor, os feitios são sempre mais ou menos os mesmos.
E quase que vos consigo ouvir desse lado… uma praia, na Tailândia, com comida boa e barata, massagens, macacos, escalada e templos. Mas isso não é tranquilo demais? Por vezes, tranquilo é bom. E simples é bom. E é por isso que quase todas as nossas viagens ao Sudeste Asiático terminam com uns dias em Railay (Rai-lé). Porque se eu pudesse, era tal e qual como no livro de Alex Garland, The Beach… para todos:
“You fish, swim, eat, laze around, and everyone’s so friendly. It’s such simple stuff, but… If I could stop the world and restart life, put the clock back, I think I’d restart it like this. For everyone.”
Informações práticas:
- Railay fica entre Krabi e Ao Nang. E para lá chegar deixo uma página com informação detalhada.
- Existem muitos hotéis baratos mas o Diamond Cave Resort é um nosso velho favorito.