Já viajei de todas as maneiras possíveis. Sozinha, acompanhada por outra mulher, com o meu pai, com um grupo pequeno de amigos, com um grupo grande de amigos, com um grupo de desconhecidos que se tornaram amigos, com o marido e agora com uma criança. Por isso, quando digo que nunca foi tão bom viajar como agora, com o Magno, digo-o com pleno conhecimento de causa de todas as formas possíveis de viagem.
Quem viajou antes sem crianças vai notar uma grande diferença no D.C, depois crianças. Quando se viaja sem crianças a maior parte das vezes chega-se, vê-se, fotografa-se e, só por vezes e com muita sorte, há uma maior interação com o local, com as pessoas. Mesmo eu, que me considero extrovertida, muitas vezes não conseguia mais do que um contacto superficial com as pessoas de um país. É como se víssemos o mundo a uma certa distância sem nunca na realidade entrar nele. Mas com uma criança tudo muda.
As pessoas aproximam-se, questionam, brincam e ajudam. Há uma certa humanização do viajante quando o veem como alguém que no fundo, apesar do cabelo, pele e roupas diferentes é, afinal, igual a si. Tem também uma família. E há todo um novo mundo que surge na viagem. Casas que se abrem, fruta que se partilha, dicas de onde encontrar fraldas e comida, pequenas ofertas de brinquedos e sorrisos, tantos e tantos sorrisos. Os miúdos tornam-se pequenas celebridades entre os locais. Parecem pequenos Deuses de tão fotografados, tocados e mimados. E é muito bom fazer parte de tudo isso.
Isto vem tudo a propósito de me perguntarem muitas vezes qual a melhor idade para começar a levar os filhos em viagem. Costumo responder meio a sério meio a brincar: mal nasçam. Quando saírem da maternidade não escolham o caminho mais curto até casa. Escolham o outro. É que quanto mais cedo as crianças começarem a viajar mais descontraídas, pacientes e aventureiras ficam. Tem tudo a ver com prática. E a verdade é que desde o momento em que nascem a janela de oportunidade de viajar com eles começa a fechar. Não é como tirar um curso de paraquedismo, aprender mandarim ou ponto de arraiolos que, mais cedo ou mais tarde na vida, é sempre possível começar. Mas viajar com os filhos é algo que tem mesmo de ser feito agora.
Por isso, agora que as férias de Verão estão à porta, leiam blogs para se inspirarem (este, vá), guias de viagem, espalhem mapas pela casa mas partam. E depois, bem, depois venham aqui contar-me como foi.