Ultimamente têm-me feito muitas vezes uma série de perguntas. Então e como é que é viajar com uma criança pequena? Mas consegues ver e fazer alguma coisa durante as viagens? E não tens medo que ele adoeça num país longe de casa? Mas tu és doida? Levar o miúdo para esses países perigosos/sujos/com costumes estranhos, etc…
Antes de mais deixem-me esclarecer que quer eu quer o pai já viajávamos muito antes do bebé magnífico nascer. Ou seja, temos muita experiência em viagens independentes e low budget e já muito mundo passou pelas nossas mãos. Provavelmente, para alguém com menos experiência ou com uma vivência de viagem mais direcionada para aquilo a que chamo turismo, se calhar, isto pode parecer insano ou complicado. Mas não é tanto assim.
Ora bem, viajar com uma criança pequena é mais ou menos o mesmo que viver com elas. Caótico
Mas claro que mudam algumas coisas quando se anda com elas pelo mundo. E para começar este assunto, nada como falar da “tralha” que costumamos levar para o Magno em viagem.
Roupa
Muito pouca. Nas viagens de Inverno levamos sempre o casaco de penas, o impermeável, um ou dois fatos completos polares, gorros e calçado resistente à prova de água. O resto é o normal e se faltar alguma coisa compra-se.
No Verão é mais fácil. E, para além da roupa normal do dia a dia, nesta última viagem levámos fraldas para a água (não se encontram facilmente fora da Europa e EUA), o impermeável para as chuvadas de Verão, chapéu de sol com protetor para o pescoço, três pares de calçado (umas sandálias, uns sapatos fechados e unas sandálias de água), uma camisola de manga comprida, um casaco para o avião e pouco mais.
Fraldas
Levamos normalmente fraldas apenas para os primeiros dois dias e depois compramos. Existem em todo o lado. A única diferença que tenho constatado é que na Ásia, porque as crianças são normalmente mais pequenas, as fraldas têm de ser um tamanho acima do habitual.
As toalhitas também existem em todo o lado.
Comida
A comida era a minha maior preocupação nesta última viagem. O Magno a partir do ano de idade deixou de ser um grande comilão e passou a ser muito mais seletivo e frugal.
Ao invés do que sucedeu nas viagens pela Europa, em que a comida a que está habituado está disponível um pouco por todo o lado, na Ásia a comida é de facto muito diferente.
Para me precaver levei uma série de potes de fruta, as suas bolachas bio favoritas, iogurtes que não necessitam de refrigeração, papa e o leite em pó que bebe normalmente.
Tal como suspeitava a comida foi efetivamente um problema. No Sri Lanka foi particularmente difícil pois o picante é omnipresente. A sério. Tudo leva piri-piri, caril ou as duas.
A sopa, tal como a entendemos, não existe no Oriente. E ele está habituado a comer sopa a todas as refeições. O que eles chamam de sopa não o é realmente. É uma mistura de natas com cogumelos, milho ou abóbora e muito sal. Muito mau portanto…
Só ao fim de uma semana e meia começou a comer quase normalmente. Valeram-nos o fried rice e os noodles com legumes, a fruta e os iogurtes que encontrámos sempre facilmente. Os iogurtes são aliás altamente recomendados em viagem para adaptar a flora intestinal ao novo meio em que se está.
Por fim, levámos ainda um termo pequeno para colocar água quente e assim conseguirmos dar-lhe uma papa quente quando não houvesse comida adequada para ele.
Medicamentos e produtos de higiene
Apesar de ser uma das crianças mais saudáveis que conheço, preventivamente, levámos um termómetro, brufen, benuron e fenistil. Estes medicamentos existem em todo o mundo mas o facto de os termos connosco e podermos aliviar rapidamente qualquer desconforto, até termos ajuda médica, é muito tranquilizante. Sublinho ainda que viajamos com um seguro de saúde válido em todo o mundo e que inclui o repatriamento.
Levámos ainda vitamina D (onde vivemos tomam até aos 3 anos) e um frasco de vitaminas em xarope. Como foi confiscado no aeroporto em Londres porque ia na bagagem de mão, shame on me, comprámos outro no Boots em Bangkok.
Quanto a produtos de higiene levámos o creme de corpo para a pele atópica, um shampoo e gel de banho dois em um, o protetor solar, um gel para lhe ir desinfetando as mãos (comprei na primark) e duas embalagens de água termal para o ir borrifando quando estava mais calor.
Finalmente, levámos uma rede mosquiteira e o repelente para crianças da Chicco. A rede foi muito usada no Sri Lanka onde há muitos mosquitos. Muitos hotéis não tinham ou a que tinham sobre a cama não estava em condições e deixava passar tudo.
Meios de transporte
Levámos o carrinho de passeio, um quinny zapp xtra2. É um carrinho confortável, que deita completamente para as sestas, resistente e que dobra de modo a ficar muito pequeno. Infelizmente não me pagaram para dizer isto :/
E, finalmente, a piéce de resistance de todas as nossas viagens com o baby, a Manduca. A Manduca é só o melhor transportador do mundo para bebés e crianças até aos 4 anos. Foi a nossa melhor compra de sempre e não, também não me pagaram para dizer isto, damn :/
Temos também um transportador de bebés para montanha mas só o usamos nos trek/caminhadas.
Kit de emergência
Não é o que estão a pensar. É ainda mais importante
Para além de um saquinho pequeno com dois ou três carrinhos, dois livros de capa mole e um caderno com lápis de cor para desenhar (bastam uns quantos brinquedos porque é melhor de vez em quando comprar algum brinquedo típico nos sítios onde vamos passando) levamos ainda algumas coisas que ele não conheça para usar parcimoniosamente como “bomba atómica” em situações mais complicadas. Viagens de comboio ou autocarro longas, birras em momentos críticos, etc… faz toda a diferença, acreditem.
Eu avisei que ia ser um post chato mas para quem tem de viajar com miúdos vai dar jeito. E não se encontra este tipo de lista facilmente. Eu sei porque me fartei de procurar sem sucesso…