Era uma vez, bem no meio dos Himalaias, um reino com reis, princesas e dragões.
Um reino onde os homens usam vestidos e as mulheres têm bochechas rosadas pelo sol e pelo vento.
E onde as festas duram semanas e envolvem danças, máscaras assustadoras e muita música.
As casas do reino são decoradas a preceito: com tigres, dragões e símbolos fálicos para afastar os maus espíritos.
E as bandeiras de oração ondulam um pouco por todo o lado espalhando boas energias pelo mundo.
Onde nascer um menino ou menina é igualmente bem-vindo.
Um reino onde, como não podia deixar de ser, o primeiro visitante europeu foi um conterrâneo português, Estêvão Cacella.
E, que se saiba, é o único país do mundo sem semáforos. Nos anos 70 foi colocado um na capital Timphu, mas o povo achou que era muito impessoal e pediu que os polícias sinaleiros voltassem.
Neste reino, o PIB é medido em felicidade e não em dinheiro e, também por isso, a saúde e educação são realmente universais e gratuitas e o reino é conhecido pelo cognome de reino da felicidade.
No reino do dragão, as mulheres, gozam de uma igualdade face aos homens sem paralelo no resto da Ásia e até são elas que herdam os bens da família.
Este reino existe mesmo fora dos contos de fadas. Fica ali logo a seguir ao Evereste e um pouco de mim ainda vagueia por lá entre Dzongs e Goembas. Mas a parte de mim que voltou andará por aqui a contar como foi ter tido a imensa felicidade de ser recebida no Reino do Dragão.
Esta história não tem fim. Qualquer dia voltamos.