A Suíça é um país que tinha tudo para correr mal… Um enclave no meio dos Alpes com muito mais área não habitável ou arável do que a que é passível de ser usada; uma população cercada por 48 montanhas com mais de 4000 metros; sem recursos naturais de monta a não ser uma boa reserva de água doce; 26 cantões heterogéneos e 4 línguas distintas; 8 milhões e meio de habitantes com uma das mais altas percentagens de emigrantes no mundo mesclada com um povo nativo tendencialmente não muito adepto de novidades.
Sim, estava aqui a receita perfeita para que tudo tivesse corrido muito, muito mal. Não obstante, é um dos países com o PIB per capita mais elevado. Todos os anos está no pódio do país com a população mais feliz do mundo, da maior esperança de vida e de melhor país onde nascer. Os 10% de terreno cultivável são totalmente aproveitados e não existem terras em pousio. E, não menos importante, é um dos países mais bonitos do mundo. Na verdade, estou cada vez mais convencida que a Suíça não é um país. É um bilhete-postal disfarçado de país.
Seria expectável que por esta altura já estivesse imune a montanhas cumeadas de neve e pintalgadas com vacas malhadas e cabras brancas. Que os lagos turquesa já não passassem de poças de águas ou que os castelos de contos de fada, as pontes de pedra e as casas de madeira na montanha fossem apenas construções humanas como outras quaisquer. Mas não.
Continuo a apaixonar-me perdidamente por este país todos os dias. E mesmo já tendo estado em todos os cantões e nas maiores cidades do país, todos os dias sinto o assombro da primeira vez em que nos conhecemos, era eu pequenina e pela mão dos meus pais.
E porque as coisas boas só o são verdadeiramente se forem partilhadas, de vez em quando, mostrarei por aqui os meus sítios favoritos no país. E para que nunca mais se reduza a Suíça ao país dos relógios, chocolates e banqueiros, damos o mote de abertura com: a Suíça é o país do hotel mais bonito de sempre, o Aescher.
No Ebenalp, uma zona montanhosa que fica num dos cantões mais bonitos e típicos da Suíça, Appenzell, é possível visitar um dos locais que aparece com frequência nas listas de “sítios a visitar antes de morrer”.
Depois de uma pequena mas ativa caminhada de meia hora que, apesar de curta, atravessa uma gruta que foi habitada à vez por ursos e Neandertais, uma casa abandonada de um eremita que sabia o que era isolamento antes de ser cool em 2020 e, finalmente, uma minúscula igreja de madeira, chega-se ao hotel/restaurante mais bonito de sempre. Não vou, diplomaticamente, dizer “um dos mais bonitos”. Aescher é mesmo o mais bonito. E é tão fotogénico que foi escolhido como capa do “Destinations of a lifetime” da National Geographic. E quando as palavras deixam de ser suficientes é hora de deixar as imagens entrar em cena.
Dicas:
– O teleférico de Ebenalp começa a funcionar às 7:30 até às 18:00;
– Depois de sair do teleférico a caminhada até ao hotel restaurante demora pouco mais de 30 minutos sempre a descer;
– Dá para pernoitar no hotel (cerca de 150chf por pessoa) e dá para comer comida típica suíça ou beber uma cerveja na esplanada;
– Depois de visitar o hotel há duas opções: voltar para trás para apanhar novamente o teleférico para descer ao estacionamento ou continuar a caminhar e descer a pé até ao lago Seeaplsee. Na primeira opção são cerca de 700 metros para cada lado na segunda são cerca de 6 km.
Morada: Schwendetastrasse, 82, 9057 Wasserawen
Transporte público: Há comboio até Wasserawen
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