De Munique à Eslovénia numa bota voadora

Indíce do Artigo

No primeiro dia de viagem conseguimos chegar a Munique já perto da noite.

A ideia era jantar e dar um passeio noturno pelo cento da cidade. Já conhecia muitas cidades alemãs mas, ao contrário do homem, não conhecia Munique. Pois, era um bom plano no campo das ideias mas ainda nos faltava a 2.ª lição em tempo real de “como ser caravanista para totós”…

Ao contrário da pequena Van, que conseguíamos estacionar em qualquer lado, a Vandonga é grande e precisa de pelo menos dois lugares de estacionamento normais. E, claro está, os lugares em parques subterâneos não são opção. Demos muitas, muitas, muitas voltas à cidade mas não conseguimos lugar. Nada. Hoje já conhecemos algumas aplicações para caravanistas que dão alguma ajuda nesta matéria mas na altura não as conhecíamos…

Enfim, desitimos e dormimos na coordenada GPS N48º 02´ 22´´ E11º 39´38´´, acho que pode dar jeito a quem venha a passar por lá.

De manhã seguimos rumo à Austria. Já tinha estado em Viena mas tinha uma grande curiosidade em conhecer Salzburgo. E desta vez tivémos mais sorte. Conseguimos um estacionamento muito central num parque exterior pago e lá fomos conhecer o centro histórico, envolvidos pela amena temperatura de 2.º. O centro é pequenino e em três horas dá para ver tudo. A casa onde Mozart nasceu, a casa onde Mozart viveu, o palácio Mirabell e as catedrais do centro histórico. Mas do que eu mais gostei foram os mercadinhos de Natal que brotavam como cogumelos pelas ruas. Apetecia trazer tudo e atulhar a caravana. Felizmente, acho eu, quando já estava a fazer contas aos metros quadrado disponíveis, o Magno resolveu entrar em cena e começar a atirar fora as botas de neve com uma espécie de pontapé no ar. A sério, não sei como é que ele fazia aquilo. Mas no espaço de minutos conseguiu atingir a cabeça de dois japoneses e um casal Árabe. Comprei-lhe um pão numa padaria a pensar distraí-lo com comida (golpe baixo) mas o miúdo era mesmo bom naquilo e conseguia comer e atirar botas ao mesmo tempo. Desistimos Resolvemos ir almoçar. Como a festa continuou pelo caminho fora, tirámos-lhe as botas e foi de meias, sentado no carrinho, claro, sob o olhar curioso dos outros turistas e locais que nos lançavam olhares do tipo: estes gajos devem vir da Sibéria ou o raio ou então são americanos… com o bebé só de meias… deve ser para ficar rijo…*

E de Salzburgo lá seguimos até à Eslovénia onde nessa noite dormimos num estacionamento mesmo junto ao Bled Camping (N46º 21´46´´ E14º 04´50´´). Assim, à descarada. E a Eslovénia, bem, a Eslovénia tem tanto de pequenina como de bonita. Acordar junto ao lago Bled, envolto num manto de nevoeiro, com a pequena igreja a pairar no meio do lago sobre a minúscula ilha de Bled com o recorte do castelo, adivinhem… de Bled , foi das experiências mais etéreas que vivi. Enchemos para aí um cartão de fotos cada um e só não estamos ainda por lá a fotografar porque o bebé Magno mandou dois berros como quem diz: meus amigos, a poça de água é muito bonita, mas ou me deixam chafurdar nela ou vamos dar comida aos patos. Escolham! Fomos dar comida aos patos que a água estava a modos que fria…

O castelo, com o nome muito original de Bled, também vale cada cêntimo dos 8€ por pessoa que custa a visita. Ergue-se a 100 metros sobre o lago e tem um estilo medieval e fantasmagórico daqueles que aparecem nos filmes de terror serie B. Estive até ao fim na expetativa que aparecessem dois ou três vampiros mas nada, nem um.

Os homens no castelo

E estão vocês a pensar: isso é tudo muito giro mas o que é que se come nessa bela localidade, Bled? Não sei. Comemos comidinha caseira/caravaneira na autocaravana. Mas se quiserem falar da gordice de nome kremna rezina, o bolinho típico da terra com muitas semelhanças ao nosso bolo russo, que se vende um pouco por todo o lado na cidade, só posso dizer-vos que comam quantos conseguirem que aquilo é mesmo muito bom.

O lago em momento D. Sebastião

De seguida lá fomos a rebolar de volta à Vandonga e fizemos os 26 Km até ao lago Bohinj. Há uma eterna discussão em curso sobre qual dos dois lagos é o mais bonito. Tipo, quem é mais gira: a Angelina Jolie ou a Chalize Theron? Mas são os dois lindos de um modo diferente e não se fala mais nisso.

Nessa noite estava planeado dormirmos novamente junto ao lago Bled e partirmos de manhã, mas o homem começou a ficar impaciente e quis partir para Ljubljana, capital da Eslovénia. E eu só lhe disse: não é tarde nem é cedo, vamos só encher mais um cartão com fotografias do lago em modo pôr do sol e vamos. E fomos.

* No baby were harmed in the making of this visit… o bebé Magno tinha meias calças e meias grossas de lã.

Mais Artigos

Todos os anos, no início do verão, o milagre acontece e os campos da Provence ficam pintados de violeta. Uma manta de...
Vivemos num país onde a neve abunda e por isso pensei que a Lapónia não nos iria surpreender assim tanto. Estava completamente...
Ver e, já agora, fotografar auroras boreais é um dos sonhos mais frequentes de qualquer viajante. Mas para que tudo corra bem...
Uma das perguntas que mais me fazem no inverno é sobre o que vestir para andar na neve ou em ambientes muito...

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *